7 de setembro de 2011

O cristão de mentirinha - por Jonatas Kaizer e Carol Leonel

As comunidades podem ser definidas pela associação de indivíduos, onde cada um desempenha um papel fundamental. As comunidades de abelhas possuem uma rainha, responsável pela manutenção da espécie. Entretanto a comunidade de peixes é um pouco diversa. Não há um líder por assim dizer e todos desempenham funções equivalentes. A comunidade de seres humanos, também chamada de sociedade, é semelhante a das abelhas, já que alguns indivíduos realizam funções mais elevadas e outros não. Desse modo, criamos uma sociedade onde algumas funções possuem maior mérito que outras e essa diferença de postos é responsável por gerar em nós o desejo de possuir ou se tornar outra pessoa.

Ao desenvolvermos uma sociedade hierarquizada acabamos construindo uma competição onde os participantes tornam-se concorrentes e não colaboradores. Para vencer, muitos utilizam estereótipos, ou seja, aparecem com uma esplêndida Ferrari vermelha, porém o motor é de fusca! A aparência foi criada para intimidar os outros competidores.  A falsa representação da realidade pode ser observada inúmeras vezes na Bíblia. Adão e Eva esconderam-se de Deus após pecarem; Jacó usurpou a bênção de seu irmão Esaú; Ananias e Safira mentiram sobre o valor que venderam a propriedade; Pedro não admitiu ser discípulo de Cristo perante os soldados; e nós todos os dias sorrimos dizendo estar tudo bem,  negligenciamos amizades, sentimentos, temperamentos e até nossas condutas.

A primeira atitude de Adão e Eva ao perceberem que estavam nus foi se esconder da presença do Senhor (Gn 3:8). Quando pecamos contra Deus ou percebemos nossa iniquidade perante a santidade do Senhor a primeira atitude é se esconder, fingir uma realidade que não existe. A Bíblia nos alerta sobre a impossibilidade de se esconder de Deus. “Para onde poderia eu escapar do teu Espírito? Para onde poderia fugir da tua presença? Se eu subir aos céus, lá estás; se eu fizer a minha cama na sepultura, também lá estás” (Sl 139:7-8). Podemos até esconder das pessoas nossas falhas. No entanto, é impossível esconder nossos erros de Deus. Ele conhece tudo em nós e deseja não perfeição, mas a sinceridade para admitir fraquezas.

Quando Jacó foi abençoado por Isaque, debilitado pela cegueira, ao invés de Esaú, ele provavelmente pensou ter enganado Deus ao receber a Bênção. No entanto, Deus conhecia o coração de ambos irmãos, pois como diz o salmista “Porventura não esquadrinhará Deus isso? Pois ele sabe os segredos do coração”. Percebemos que a aparência é valida apenas para os olhos humanos, já que Deus enxerga o nosso intimo, o local de onde provem nossos pensamentos, planos, desejos, onde não há falsidade!

O Cristão de mentirinha é intitulado por Jesus como hipócrita. Conduta severamente combatida por ele a hipocrisia, segundo o dicionário significa manifestação de fingidas virtudes, sentimentos bons, devoção religiosa, compaixão. A intenção de Jesus não era disseminar uma ideologia, mas sim mostrar aos homens o quão errado é este padrão de concorrências que incitam falsidade. O intento de Cristo era nos alertar que Deus nos vê como de fato somos e que para ele é mais importante a sinceridade para admitir que precisamos de Cristo do que o estereótipo de um irrepreensível cristão que vive de aparências.

Certamente Paulo foi o maior exemplo de “cristão de mentirinha” segundo a Bíblia. “Circuncidado ao oitavo dia, da linhagem de Israel, da tribo de Benjamim, hebreu de hebreus; segundo a lei, fui fariseu;Segundo o zelo, perseguidor da igreja, segundo a justiça que há na lei, irrepreensível”. Essa passagem de Filipenses 3:5 - 6 nos revela que a vida de Paulo baseava-se na mentira da posição social e no orgulho de ser Mestre da Lei. Entretanto, sua mentira foi desmascarada quando ele se encontrou com Jesus Cristo. Imediatamente suas fraquezas foram expostas. O Fariseu irrepreensível foi confrontado com o Cristo verdadeiro e teve sua vida transformada.

Depois de convertido pela verdade, Paulo com toda sinceridade afirma ter orado 3 vezes para que Deus retirasse dele uma fraqueza e apesar do insucesso compreendeu que somente seria possível obter poder de Cristo se simplesmente admitisse suas imperfeições.  “Mas ele me disse: "Minha graça é suficiente para você, pois o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza". Portanto, eu me gloriarei ainda mais alegremente em minhas fraquezas, para que o poder de Cristo repouse em mim.” (2co 12:9)

Devemos entender que a nossa glória deve ser a fraqueza e não a perfeição! Adversários procuram vencer a qualquer custo, porém os que trabalham juntos , como o corpo de Cristo, têm interesses idênticos. Os cristãos devem se manter unidos, caminhar juntos, viver em unidade! “Procurando guardar a unidade do Espírito pelo vínculo da paz” (Ef 4:3). Entendem que todas as funções são igualmente úteis e por isso respeitáveis.  No Reino de Deus não há espaço para falsidades ou mentiras. A sinceridade é pré-requisito para união daqueles que tem o objetivo comum de indicar aos perdidos o caminho que nos leva de volta para Deus.

por Jonatas Kaizer e Carol Leonel

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