31 de janeiro de 2012

Loop - Marina Senra

Na época em que eu era viciada no seriado Supernatural, um dos meus episódios favoritos era um em que Dean e Sam sofriam uma espécie de loop. Os irmãos ficam presos em um único dia, no qual Dean sempre morre. Assim que Dean bate as botas, o dia se reinicia, com Dean vivo e Sam fazendo o possível para manter seu irmão vivo, tentando desse modo sair do loop e passar para o próximo dia. Claro que isso só acontece quando Sam descobre a explicação sobrenatural por trás do tal loop, mas, até lá, Dean já vai ter morrido com um piano que caiu em sua cabeça ou porque escorregou no banheiro um milhão de vezes.

Um dos significados de “loop” é sequência e, às vezes, acontece dessa sequência ficar se repetindo infinitamente, assim como a morte do Dean. Há poucos dias, ouvi um pastor falando que muitos de nós ficam presos em loops, e isso me fez pensar um pouco. Realmente, não são poucas às vezes em que nós fazemos a mesma coisa um milhão de vezes e sempre acabamos voltando no início, seja por causa de um erro que já cansamos de cometer ou porque simplesmente é mais fácil voltar para o início de tudo ao invés de continuar prosseguindo.

Uma coisa que aprendi com Supernatural sobre loops: eles não são bons. Eles cansam. Eles irritam, te deixam frustrado e com a sensação de que é impossível lutar contra eles. Conosco não é diferente. Quando caímos naquele mesmo erro que parece nos perseguir, nos sentimos sem força, envergonhados e com raiva de nós mesmos por não conseguirmos lutar contra isso. A sensação é que todo o esforço para se manter em santidade foi em vão, e que teremos que voltar para o começo da caminhada. E, se continuarmos assim, acabaremos caindo no tal loop, ficando presos em uma armadilha que se repetirá sempre e cujo final já conhecemos.

Mas, assim como Sam achou uma solução no final do episódio, nós também podemos ficar tranqüilos, porque existe um modo de sair desse loop. Quando Cristo morreu em nosso lugar, ele tomou nossos pecados, nossos erros e pagou um preço de sangue para que nós ficássemos livres deles. Portanto, a única maneira de quebrarmos esse loop em nossas vidas, é clamando por ajuda divina. Na força do nosso braço, continuaremos presos em uma sequência infinita, caminhando bem por um tempo, caindo no erro e voltando para o início. Quando Jesus entra na história, porém, Ele nos ajuda a deixar os velhos erros para trás e partir em busca de uma nova vida. É, Ele consegue fazer isso por nós.

Nós caímos no mesmo erro trezentas vezes. Assim como Dean, existem aqueles que se sentem morrer todos os dias, mas, mesmo assim, tem uma esperança que o outro dia vai trazer libertação, como Sam achava. Mas, isso não acontecia. Os dias se repetiam, as mortes se repetiam e o desespero só aumentava. Deus é o único capaz de nos livrar dos loops, de quebrar os erros eternos em nossas vidas e nos guiar por um caminho de paz e santidade! Que esse seja nosso objetivo: largar os pecados para trás e seguir os passos do nosso Mestre!

Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” (2 Coríntios 5:17)

Deus abençoe!

por Marina Senra

24 de janeiro de 2012

Lucas 18:10-13 - Pecador - Marina Senra

“Dois homens subiram ao templo com o propósito de orar: um fariseu, e o outro, publicano. O fariseu, posto em pé, orava de si para si mesmo, desta forma: Ó Deus, graças te dou porque não sou como os demais homens, roubadores, injustos e adúlteros, nem ainda como este publicano; jejuo duas vezes por semana e dou o dízimo de tudo quanto ganho, O publicano, estando em pé, longe, não ousava nem ainda levantar os olhos ao céu, mas batia no peito, dizendo: Ó Deus, sê propício a mim, pecador!” (Lucas 18:10-13)
              
Orgulho, o grande pecado. Que nos leva a crer que realmente valemos alguma coisa, que nos faz pensar que somos dignos de ficar em pé na presença do Senhor, batendo no peito e falando que eu faço isso, faço aquilo, que eu sou o tal. A oração do fariseu segue esse padrão: era um homem que seguia a lei estritamente e que se vangloriava por causa disso.
              
Não é de surpreender, portanto, que Jesus tenha ouvido a oração do publicano. Ora, se Jesus veio para salvar os desprezados, os doentes, o que Ele faria com um homem que aparenta não ter pecados ou problemas, como era o fariseu? O coração humilhado, declaradamente pecador, do publicano, atraiu o amor de Cristo.
              
Brennan Manning fala em seu livro O Evangelho Maltrapilho: “Senhor Jesus, somos ovelhas tolas que ousaram pôr-se de pé na tua presença e tentar subornar-te com nossos ridículos portfólios. De repente caímos na real (...). Dá-nos a graça de admitir que somos maltrapilhos, de abraçar nossa condição de alquebrados.” É o que somos: um bando de maltrapilhos que carecem da graça do nosso Senhor. É só quando admitimos isso, que Jesus pode vir com seu amor e perdão, pronto para nos resgatar do nosso orgulho.     

por Marina Senra

19 de janeiro de 2012

Antes Que Seja Tarde - Carol Santana

“Lembre-se do seu criador nos dias da sua juventude, antes que venham os dias difíceis e se aproximem os anos em que você dirá: Não tenho satisfação neles.” Eclesiastes 12:1

Sempre me preocupei em viver bem minha juventude. O tempo passa rápido demais e sempre tive temor de um dia olhar para trás e perceber que não aproveitei ao máximo as oportunidades que Deus têm me dado. Recentemente, tive a chance de visitar um asilo e posteriormente um hospital que trata de crianças com câncer. Deus me ensinou muito através dessas visitas. Tive contato com pessoas que estão lutando contra a morte. Vi senhoras sofridas que mesmo com o pesar dos anos não perderam a esperança de um futuro feliz. Vi crianças lutando contra a morte. Vi fé. Vi perseverança.

Muitos jovens desperdiçam sua força e tempo com coisas passageiras e banais. Sua juventude, saúde e força foram presentes de Deus e Ele espera que você aja com sabedoria. Ao dizer isso não quero passar a idéia de que seja errado investir em você mesmo, no seu crescimento e sonhos, mas sim, que é errado valorizar outras coisas acima de Deus. Os velhinhos que conversaram comigo nunca mais terão as oportunidades que nós temos. Cabe a nós fazer a escolha certa, para que um dia possamos olhar para trás e dizer: Eu tenho satisfação na minha juventude.

Viva cada dia na presença de Deus. Tenha uma vida de significado. Seja uma benção. Supere as expectativas a seu respeito. Tenha a sabedoria dos idosos e a força dos pequenos guerreiros que conheci. Eu vi bebês lutando contra o câncer sem desistir! E já vi também gente com tudo em seu favor desistindo da fé e dos sonhos na primeira dificuldade.

Muitas vezes somos covardes e tolos. O sábio aprende com o exemplo das outras pessoas. Seja sábio. Invista em Deus. Invista nas pessoas. Agindo assim você verá que está construindo um futuro certo e seguro.
Sirva à Deus independente do que Ele vai fazer por você. Muitos dizem que ao trabalhar para Deus Ele trabalha para nós. Verdade. Mas que não seja essa a força que te impulsiona a servi-Lo. Sirva a Deus sem interesse. A honra de ser usado por Ele já é em si pagamento mais do que suficiente.

por Carol Santana

17 de janeiro de 2012

Jó 19: 25, Redentor - Marina Senra

“Porque eu sei que o meu Redentor vive e por fim se levantará sobre a terra.” (Jó 19:25)
                A história de Jó é bastante conhecida. Era um homem bom, justo e possuidor de muitos bens, mas que, de repente, se vê na miséria e sendo acusado de ser um pecador. A frase “paciência de Jó” se refere ao fato de Jó ter passado por mil e uma tribulações, sem nunca ter aberto a boca para reclamar. E, ele não apenas não reclama, como tem esperança de que um Redentor virá para ajuda-lo.
                Apenas esse breve resumo já serve para nos dar uma lição. Nós, que reclamamos quando as coisas não estão do nosso jeito, que perdemos toda a esperança quando as nuvens de alguma tempestade ameaçam chegar sobre nós... é assim que fazemos. Penso em Jó assentando em algum canto, recebendo olhares desprezados, e mesmo assim, murmurando alguma canção de louvor com o pouco de força que lhe restava, lembrando a si mesmo que, no final, seu Redentor chegaria para resgatá-lo. Vejo também que essa história de louvar a Deus apenas quando estamos bem, com o carro na garagem e dinheiro sobrando, é jogada no chão quando vemos que Jó adorava a Deus mesmo não tendo nada.
                No final das contas, o Redentor de fato veio, respondendo a Jó. Todo o sofrimento pelo qual Jó passou não o separou do Senhor, pelo contrário, serviu para que ele deixasse de ter um conhecimento superficial do seu Criador. Deus estava no controle o tempo todo, desde o momento em que Jó começou a sofrer as tribulações até a hora em que Deus o resgata.
                Que tenhamos não apenas a paciência de Jó, mas também a mesma fé que ele teve, que sobreviveu aos mais diversos problemas e que experimentou a redenção divina ao final de tudo.

por Marina Senra

12 de janeiro de 2012

Jubilosos por causa de Cristo - por Carolina Leonel

Ao extirparmos os projetos do ano que se inicia veríamos o quanto temos condicionado nossa felicidade ao futuro. Acumulamos expectativas, projetamos sonhos, condicionamos nossos deleites, e ficamos esperançosos pela materialização de nossos alvos.

Estamos postergando nossa alegria e vivemos como se isso fosse natural. Se acaso você planejou para seu próximo ano alvos ingênuos como uma criança que faz promessas de ser ‘boazinha’ no ano vindouro, eu afirmo que seu avanço moral em nada contribuirá para o seu relacionamento com o Senhor. 

Paulo pergunta aos Gálatas “O que aconteceu com a alegria de vocês?” (Gl 4:15). Será que estamos planejando muito e desfrutando pouco daquilo que já nos foi concedido? E quem sabe seja fácil perceber isso no findar de mais um ano onde o seu coração se mostra novamente triste pela não concretização de suas quimeras.

Frustramos nossa alegria por não alcançarmos sonhos.  porém, não podemos condicionar nossa felicidade à concretização de projetos, alvos e idealizações. A palavra alegria está sempre associada ao nascimento (Lc 2:10) e ressurreição (Mt 28:8) de Jesus Cristo, ao serviço a Deus (Ne 8:10), ao sofrimento (1Pe4:13),  a conversão do pecador (Lc 15:7)e relacionada também  a conduta do cristão (1 Pe 1:8). 

A alegria demonstrada na Bíblia não é um sentimento, uma euforia ou um simples prazer. A alegria é Fruto do Espírito (Gl 5:22). Ela não é sentida na carne, e não depende de verão ou sorrisos. Ela é um espírito constantemente vibrante. A alegria é uma escolha individual feito um acordo entre intelecto e coração. Perceba que a alegria está diretamente relacionada a Cristo. Portanto, Ele é a nossa alegria, porque Ele tornou possível a reconciliação com Deus.

O plano do Senhor é fazer com que todas as coisas sejam convertidas em Cristo a fim de fazermos Dele o centro de toda a nossa vida. Reafirmo que sua busca por aperfeiçoamento de conduta deve ser acompanhada pelo propósito de glorificar a Cristo. Assim, caso sua condição de miserável não o permite vencer as tentações, satanás, o acusador, não poderá te entristecer porque você compreende que sua alegria é Cristo que nos dá livre acesso ao trono da graça.

Assim, os que te rodeiam perceberão que sua alegria é constante e não efêmera ou circunstancial. Os que te observam verão traços do caráter de Deus através da sua fidelidade na alegria. Eles entenderão que um sentimento não pode determinar seu estado emocional e que alegria tem a ver com escolha compreendida e não com a mudança das estações do ano que passam e logo tornam a vir. 


"Alegrem-se sempre no Senhor. Novamente direi: Alegrem-se!". (Fp 4:4)


por Carolina Leonel

10 de janeiro de 2012

NO TIME! - Marina Senra

É sempre aquela mesma correria. Você acorda de manhã, geralmente atrasado, corre para se arrumar, se teletransporta para o ponto de ônibus e pede para tudo quanto é coisa sagrada que o trânsito colabore e você não chegue MUITO atrasado ao serviço. No meio disso tudo, você se lembra que tem 289174834 trabalhos da faculdade para fazer e que, ainda por cima, prometeu para sua mãe que você arrumaria seu quarto e daria um jeito naquela bagunça que se acumulou em seu guarda-roupa durante uns 400 anos. Isso só piora sua situação, já que na noite anterior você acabou indo dormir às duas da manhã, por que tinha deixado um trabalho de faculdade para a última hora e teve que correr atrás do tempo perdido.
                Essa tem sido minha vida ultimamente. Na correria. Um dia desses, na faculdade, um amigo me mostrou o background do computador dele: um relógio sem os ponteiros e, embaixo, a frase NO TIME. Rindo, constatando que essa é nossa realidade. Já cansei de pensar em como seria perfeito se o dia aumentasse em mais umas oito horas e eu tenho certeza que eu não seria a única beneficiada.
                Nessa nossa vida corrida de cada dia, podemos ver quais são as nossas prioridades. Faculdade, trabalho e outros compromissos fazem parte da nossa vida e a gente tem que dar conta disso tudo. O problema é quando todas essas responsabilidades se transformam em uma enorme bola de neve, que passa engolindo tudo o que está no caminho dela. Não sobra tempo para o principal: Deus. Claro, com tantas coisas para se fazer, onde fica Deus no meio de tudo? Às vezes, podemos pensar que Ele entende a nossa vida corrida, que não vai haver problemas em deixá-Lo um pouco de lado enquanto resolvemos nossos próprios problemas. Engraçado é que quando pedimos a atenção de Deus, queremos que Ele pare o mundo para resolver os NOSSOS dilemas, enquanto nós, pobres mortais, não podemos oferecer a Ele cinco minutos que seja do nosso tempo. Sentiu a contradição?
                É difícil ler a Bíblia quando estamos com sono, complicado quando nos ajoelhamos e tudo o que conseguimos pensar é na nossa cama. Mas, quanto mais cedemos à rotina, mais nos distanciamos de Deus e isso nos enfraquece. Acredite, pior do que o sono, cansaço e olheiras do tamanho do mundo, é não sentir a presença de Cristo em você. E não importa o quão valioso é o seu diploma ou o quanto você lutou para receber no seu salário, nada disso vai valer a pena se você não tiver o Melhor Amigo do mundo para compartilhar a alegria das suas vitórias e/ou as tristezas das suas decepções.
                Dentro do ônibus, na faculdade, no serviço, na correria... Se Deus não for o principal, isso tudo é correr atrás do vento. Para Deus não existe NO TIME! Ele é o dono do mundo, mas também é nosso Melhor Amigo, quer estar conosco, nos ajudar. Não tente encaixar Deus na sua rotina, mas deixe-O no controle de tudo. Ele sempre sabe o que é melhor para nós, e Ele é o único capaz de trazer paz no meio da correria.
E a paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos sentimentos em Cristo Jesus.” (Filipenses 4:7)

Por Marina Senra

5 de janeiro de 2012

Um sopro de graça no mundo virtual

O escritor Philip Yancey concedeu uma entrevista à nossa amiga Daniela Nogueira, dona do blog Trinta e Três. Confira abaixo a opinião de Yancey sobre blogs e como escritores podem fazer a diferença no nosso mundo atual.

Philip Yancey, 62 anos, escritor e jornalista, é casado com Janet e vive nas montanhas do Colorado. É um autor norte-americano muito consagrado no meio cristão internacional, tendo ganhado diversos prêmios literários. Tendo crescido em uma igreja fundamentalista e racista no sul dos Estados Unidos, ele aprendeu ao longo da vida que a graça é o ponto central do cristianismo que muitas igrejas têm esquecido. Autor de Best-sellers como “Maravilhosa graça” e “Decepcionado com Deus”, Philip concedeu ao Trinta e Três seu ponto de vista sobre a Blogosfera. 

Trinta e três: Você é um dos mais influentes escritores de nossos tempos. O que você tem a dizer sobre os blogs? Poderiam os blogueiros ocupar o lugar antes ocupado apenas por escritores de livros?
Philip Yancey: Eu sou bem à moda antiga, e gosto de segurar livros em minhas mãos, para que eu possa sublinhá-los enquanto leio. Por essa razão, eu espero que os blogs não levem embora os livros, apesar de saber que eles oferecem um novo e rápido (e mais íntimo?) meio de comunicar com a nova geração. Na verdade, eu tenho meu próprio blog. Não é muito regular, mas eu acho que ele me dá uma liberdade de escrever quando eu quiser, sem datas marcadas; sobre o que eu quiser, sem me preocupar com o quanto tenho que escrever. Em revistas e livros, eu tenho que me preocupar com a extensão dos textos, mas não no blog.


33: Que dicas você daria para novos escritores ou para aqueles que gostariam de começar a escrever? Você acha que começar um blog pode ajudar?
PY: A única forma de aprender a escrever e se aperfeiçoar é escrevendo! Então, sim, criar um blog pode ser uma ótima ajuda. Isso te força a colocar as palavras para fora, brincar com elas, movê-las de lugar, descobrir o que comunica e o que não. Além disso, blogs normalmente têm espaço para comentários, e a segunda chave para começar a escrever é o feedback. Eu recomendo que os aspirantes a escritores entrem em um pequeno grupo de outros como eles, para que regularmente leiam os materiais uns dos outros, pedindo comentários sobre o que funciona bem e o que não. Os blogs podem providenciar esse serviço.


33:  Como a internet pode ser usada para mostrar a graça de Deus (não apenas com os blogs, mas também com Facebook, Twitter e outros)?
PY:  A internet atinge além das barreiras culturais. Eu posso ouvir pessoas no Oriente Médio ou China, por exemplo, que não poderiam me escrever pelo correio tradicional sem correr perigo. Além disso, elas podem escrever de forma privada, perguntas pessoais que não poderiam fazer num ambiente público. Eu tenho notado uma tendência, entretanto, de as pessoas usarem a internet para não mostrar a graça. Talvez a necessidade de uma resposta imediata faça com que eles se tornem mais propensos a uma resposta incendiada de ódio ou paixão, do que a uma resposta cuidadosa, fundamentada. Eu espero que os cristãos sejam modelos de cuidado e reconciliação na internet – afinal de contas, Jesus nos disse para amar os nossos inimigos.


33: Muitas pessoas no Brasil têm tirado vantagem da oportunidade que a internet dá, para apontar alguns defeitos da Igreja. O que você tem a dizer a respeito disso?
PY: Bem, a internet pode ser o lugar mais seguro para vozes críticas da Igreja. Contudo, eu espero que eles não usem isso como uma forma de criticar pessoas ou organizações específicas. Caso contrário, pode-se tornar um lugar propício a fofocas jogadas ao vento. Por outro lado, em alguns lugares não se tem acesso a igrejas saudáveis, e a internet pode prover para essas pessoas um tipo de “Igreja virtual”, permitindo que eles se conectem com cristãos saudáveis e maduros. Nem todo mundo pode achar uma igreja repleta de graça com a sã doutrina. A internet expõe outros modelos por aí com os quais podemos aprender.


33: Como podemos fazer diferença em nosso mundo, apenas escrevendo?
PY: Eu faço essa pergunta a mim mesmo o tempo inteiro. Uma vez eu escrevi um artigo sobre a diferença entre minha vida isolada e a de minha esposa (Na época, ela era assistente social em Chicago). Todas as noites ela vinha para casa com histórias de resposta a reais necessidades humanas enquanto eu apenas movia palavras e vírgulas numa tela de computador. Mas se eu escolhesse bem sobre o que eu escreveria, eu poderia inspirar e nutrir pessoas como minha esposa, que estava nas “linhas de frente” da fé. Eu me lembro de autores que ajudaram a moldar meu estilo de vida e fé. Eles também se assentaram em um quarto solitário e moveram palavras no computador, mas eles me trouxeram esperança e saúde. Talvez eu possa fazer isso para outros. Além disso, eu não poderia ser bom em serviço social ou capelania! Todos nós temos diferentes dons, e escrever é apenas um – mas é um que Deus também pode usar.


33: Aqui no Brasil, também, os blogs têm ganhado espaço entre os jovens. Alguns destes chegam a passar horas em frente ao computador lendo blogs de humor, e é muito comum alguns (talvez muitos) desses blogueiros falarem coisas ruins sobre Jesus, em grande parte porque as pessoas que supostamente deveriam ser cristãs têm falado coisas estúpidas, que não estão na Bíblia. Você acha que a mensagem da graça tem espaço nessa “blogosfera” ateísta?
PY: Eu acredito que tais blogs oferecem uma oportunidade (e um desafio) aos cristãos de demonstrarem o Fruto do Espírito descrito em Gálatas 5: amor, alegria, paz, paciência, bondade, longanimidade, etc. Quando eu escrevo para blogs seculares, fico impressionado com o quão maus, cruéis e desdenhosos os leitores podem ser. Nosso trabalho como cristãos é mostrar um outro caminho, mesmo quando nós discordamos. Ler blogs pode ser perda de tempo, embora possa ser também uma “avenida” onde podemos viver nossa fé.


33: Como os cristãos podem falar sobre assuntos polêmicos, como aborto, homossexualismo, pena de morte, sexo antes do casamento, falando sobre graça, sem liberalismo nem legalismo?
PY: Com certeza os cristãos têm feito isso há bastante tempo em livros e artigos de revista. Eu espero que tratemos o outro lado com respeito e dignidade. Nós devemos dar a eles uma chance de expor o seu caso e, então, cuidadosamente e com compaixão, explicar o motivo pelo qual nós possamos vir a discordar. Os mesmos princípios que se aplicam a conversas e artigos em revista se aplicam aos blogs. A grande questão é: como podemos mostrar o amor? Responda a esta questão e você terá a resposta à pergunta que me fez. Nós devemos seguir o exemplo de Jesus, que viveu entre pessoas que devem ter o ofendido gravemente. No entanto, ele conseguiu atraí-los. Se os cristãos apenas fossem mais parecidos com Jesus...


33: O quanto ler coisas na internet já te ajudou (se isso já aconteceu)?
PY: Eu uso a internet principalmente para pesquisa. No passado, eu passava horas em bibliotecas para rastrear a fundo os fatos sobre os quais gostaria de escrever. Agora eu simplesmente uso o Google e tenho toda essa pesquisa instantaneamente, na minha própria casa. Eu adoro isso! Eu não uso a internet para ler artigos de opinião, apesar de usá-la para verificar as notícias de fontes como a BBC.


33: Se Jesus vivesse em nossos tempos, você acha que ele teria um blog?
PY: Difícil de dizer. Ele era tão sociável, que a maior parte de seu trabalho envolveu olhar as pessoas nos olhos e tocá-las. Ele nunca deixou nada escrito. Por exemplo, na única cena que temos dele escrevendo (em João 8), ele escreveu na areia, que logo seria levada pelo vento. Então meu palpite é que ele não teria um blog. Ele focava em pequenos grupos de pessoas, especialmente seus 12 discípulos, e não tinha especial interesse em comunicação em massa.


33: Foi uma honra para mim poder te entrevistar! Deixe um recado para as pessoas que irão ler sua entrevista no Brasil.
PY: Eu fiquei muito honrado em ser seu primeiro entrevistado! Para os leitores, visitem o meu site: www.philipyancey.com! Ou vocês podem me achar no Facebook, sendo que eu pessoalmente monitoro os dois, e outro, direcionado um pouco para a Venezuela, que inclui muitas respostas em espanhol e português. Apenas digite meu nome no Facebook que você verá uma foto marrom (meu site) e uma foto verde (meu site internacional).


* Entrevista retirada do blog Trinta e Três, de Daniela Nogueira.

3 de janeiro de 2012

Com Cristo no barco... - por Marina Senra


Sou uma típica espécime da geração "fast-food": quero as coisas para ontem. Se precisar, não durmo e encho a cara de café, mas não sossego enquanto as coisas não ficarem prontas, perfeitinhas e organizadinhas em seus devidos lugares. Gosto de ter o controle e de saber que tudo está funcionando do jeito que eu havia planejado.

E aí está o ponto central do problema: não era pra eu estar no controle. Eu, com todas as minhas organizações e prazos, não sei nem a hora em que estou com fome, como já dizia o meu pai. Então, pense bem: uma pessoa ansiosa como eu na direção, é certo que as coisas não vão acabar bem.

Uma das coisas mais bonitas na caminhada cristã é a completa renúncia que fazemos de nós mesmos. Quando aceitamos a Cristo, estamos falando que precisamos dEle para não apenas melhorar a nossa vida, mas para nos dar uma vida nova. Em sua infinita misericórdia, Cristo está disposto a tomar as rédeas da nossa vida e assumir a missão de cuidar de nós.

Logo, se tem Alguém tão maravilhoso, gente-boa e misericordioso cuidando de nós, por que é difícil confiar nesse cuidado? Por que é difícil obedecer? Simples: porque achamos que fazemos um melhor trabalho do que Deus.

Gosto de dizer que quando eu estou no comando do navio, eu sei muito bem onde ele vai parar. Porém, quando eu cedo o comando para Deus, muitas vezes o meu destino pode parecer incerto, mas não há dúvidas de que Ele vai levar meu navio para um lugar infinitamente melhor do que se eu fosse a capitã. E se uma tempestade se abatesse sobre o navio, quem se sairia melhor como capitão: eu, ser miserável que sou, ou Deus, Aquele a quem até os mares obedecem?

Com Deus, não adianta posar de capitão forte. Quando Ele está no comando, dirigindo a nossa vida, é certeza que estaremos em um caminho de paz. Não sabemos fazer melhor que Deus e isso é algo que temos que nos lembrar diariamente, ao mesmo tempo em que pedimos para que Ele tenha controle total das nossas vidas. Difícil, mas é uma verdade simples e maravilhosa de amor e cuidado.

Resumindo: que Ele cresça e eu diminua.