Projeto de Estudo bíblico e oração
"Filho meu, atenta para as minhas palavras: às minhas razöes inclina o teu ouvido. Não as deixes apartar-se dos teus olhos: guarda-as no meio do teu coração. Porque são vida para os que a acham, e saúde para o seu corpo." Provérbios 4:20-22
A unidade do Tema:
Os escritores bíblicos selecionaram o que escreveram à luz do tema geral que pretendiam transmitir. A bíblia não é uma coleção de livros de muitos e diferentes assuntos; há apenas um tema: Cristo e a redenção que ele providenciou. Logo, podemos dizer que o tema da Bíblia pode ser apresentado em duas palavras: pecado e a graça do futuro Redentor. Logo depois da queda, Deus prometeu: “Porei inimizade entre você e a mulher, entre a sua descendência e o descendente dela; este lhe ferirá a cabeça, e você lhe ferirá o calcanhar” Gn 3.15 todo o AT se desenvolve a partir dessa profecia inicial. Há, evidentemente, temas subordinados: a providência de Deus na maneira de lidar com o seu povo, a questão do sofrimento na visão de Deus, e a origem e o destino de satanás. Mas todos são apresentados dentro do cenário do relacionamento divino com a humanidade pecadora. A bíblia não tem 66 histórias para contar, mas uma história da resposta de Deus à rebeldia do homem. Cristo confirmou que o tema da bíblia era a sua própria vida. Na controvérsia com os judeus, disse: “Vocês estudam cuidadosamente as Escrituras, porque pensam que nelas vocês têm a vida eterna. E são as Escrituras que testemunham a meu respeito” João 5.39. E novamente: “Se vocês Se vocês cressem em Moisés, creriam em mim, pois ele escreveu a meu respeito” V.46
Freqüentemente ele se referia às Escrituras apontando para ele mesmo. Acusou a nação de rejeitá-lo (Mt 21.42-46; cf. Sl 118.22-23). Lutero acertou quando disse: “Cristo está contido nas escrituras, como o corpo nas roupas” Andando com os discípulos no caminho para Emáus ele disse: “Ele lhes disse: ‘Como vocês custam a entender e como demoram a crer em tudo o que os profetas falaram! Não devia o Cristo sofrer estas coisas, para entrar na sua glória?’ E começando por Moisés e todos os profetas, explicou-lhes o que constava a respeito dele em todas as Escrituras.” Lc 24:25-27. Mais tarde, ele acrescentou: “Foi isso que eu lhes falei enquanto ainda estava com vocês: Era necessário que se cumprisse tudo o que a meu respeito estava escrito na Lei de Moisés, nos Profetas e nos Salmos”. Os apóstolos viam Cristo como o centro das escrituras. No Pentecostes, Pedro usou Salmos 16.8-11 e Salmos 110.1 como fundamento de sua proclamação do Cristo ressuscitado At 2.25-36. E quando Filipe se encontrou com o eunuco etíope, “anunciou-lhe as boas novas de Jesus” At 8.35.
Da primeira expressão do evangelho em Gn 3.15 até o “Vem, Senhor Jesus!” do Apocalipse 22.220, a bíblia tem um seqüência histórica integrada. Como uma vestimenta tecida com muitos e diferentes fios, mas todos contribuindo para o formato do todo, a bíblia tem 66 livros, todos contribuindo para um único grande projeto. Os reformadores também viram Cristo como o tema unificador da bíblia. Lutero dizia: “Toda escritura ensina nada mais que a cruz”. Calvino afirmou: “Cristo não pode ser devidamente conhecido de nenhuma outra forma além das escrituras”. Para citar Pascal: “Jesus Cristo, objeto central dos dois testamentos, no AT como esperança, no NT como modelo, nos dois como centro”.
A unidade da Estrutura:
“O novo está oculto no Antigo; o Antigo está revelado no Novo” é uma declaração que geralmente se ouve. Há cerca de 180 citações do AT no NT. Isto se soma à referências de personagens e acontecimentos do AT. Todos os pontos do AT indicam um futuro em que Deus virá pessoalmente redimir a humanidade caída. Não podemos separar os dois testamentos sem mutilar o todo. Como Floyd Hamilton disse: “Em sua estrutura a bíblia é uma unidade, cada parte entrelaçada e interpretada com as outras partes, de modo que cada parte é necessária para a compreensão do todo. A unidade é obtida apesar da estrutura literária diversificada que inclui “história, lei (civil, criminal, ética,ritual,sanitária), poesia religiosa, tratados didáticos, poesia lírica, parábolas e alegorias, biografias, correspondência pessoal, memórias e diários pessoais, além dos distintos tipos bíblicos, a saber, o profético e apocalíptico [...] para tudo isso há uma unidade que liga o todo.” E apesar da unidade, há também a diversidade. Os autores das Escrituras não estão só repetindo individualmente as mesmas coisas. Eles consideram as grandes verdades que Deus revelou, mas de diferentes modos de ver. O Deus do AT é o mesmo Deus do NT. Teorias liberais que ensinam que o Deus do AT é áspero e cruel, enquanto o Deus do NT é amoroso e tolerante, simplesmente não encaram de frente a unicidade da bíblia. É impensável que Deus do AT seja menos tolerante que o Deus do Novo, pois ele é o Senhor e “não muda” (cf.Ml3.6). O caráter de Deus é um e o mesmo nos dois testamentos.
A unidade do Simbolismo:
No AT o fogo é símbolo da purificação e do juízo; a água é geralmente símbolo do Espírito Santo, como também o óleo. Em ambos testamentos o fermento é símbolo do mal. Era retirado das casas judias na preparação da Páscoa; e Cristo advertiu seus discípulos que se cuidassem do “fermento dos fariseus e dos saduceus” Mt 16.6
Considere a relação entre o livro de Levítico, no AT, com o de Hebreus, no NT, ou a relação íntima entre Daniel e Apocalipse. Aqui a tipologia e o simbolismo parecem tão ajustados e tão cuidadosamente manufaturados como uma luva que se encaixa na mão. Mas cada livro posterior vai muito além do seu correlato no AT. Imagine diversas peças de uma catedral chegando de diferentes países e cidades, convergindo para um lugar central. Na realidade, imagine que a investigação provasse que quarenta diferentes escultores contribuíram durante um período de muitos séculos. Mas as peças se encaixam todas para formar uma estrutura única e magnífica. Não seria uma prova de que por trás do projeto havia uma só mente, um planejador que utilizou seus operários para esculpir um plano bem concebido? A bíblia é essa catedral, criada por um arquiteto super-inteligente.
Conclusão:
A bíblia, ou é verdadeira ou é uma falsificação; ou é um livro bom, ou, indescritivelmente mau; ou é a Palavra de Deus, ou palavras enganadoras, mentiras de homens. Ou ela é um fato, ou uma fraude. Não há outro modo de dizer isso: se a bíblia está errada quanto à sua origem, não temos motivos para pensar que é digna de crédito em nenhuma outra coisa. Não podemos nos dar o luxo de pegar e escolher o que consideramos ser de Deus e o que não é.
Aqueles que rejeitam a bíblia como a Palavra de Deus que o façam se quiserem, mas não podem andar pelos dois caminhos. Se as afirmações de sua origem são falsas, pelo menos tenhamos a coragem de admitir que a bíblia é fraudulenta e francamente desacreditada em qualquer situação. Entretanto, se as afirmações da bíblia são de fato verdadeiras, é obvio que são sem erro em seus manuscritos originais. Se Deus é o Deus da verdade, deve dizer apenas aquilo que é coerente com seu caráter. Seria impensável ter uma mensagem mentirosa de um Deus verdadeiro. Dizer, como afirmam alguns que a bíblia tem autoridade em questões de teologia, mas erros em questões de história e ciência, é bobagem.
Finalmente, se a bíblia é verdadeira, pelo menos alguns dos mistérios de nossa existência podem ser resolvidos. Pois Deus nos quis contar verdades a respeito Dele que não poderíamos descobrir de nenhuma outra forma. Deus falou, e nós finalmente temos alguma esperança de poder continuar buscando o conhecimento Dele.
Vamos abrir as venezianas e deixar o sol entrar. “A explicação das tuas palavras ilumina e dá discernimento aos inexperientes.” Salmos 119.130
por Carol Santana
Fonte do estudo sobre "Autenticidade da Bíblia": 1998 de Erwin W.Lutzer, Seven reasons why you can trust the Bible