De vez em quando vem uma dessas vontades de largar tudo, pegar uma mochila e ir pro outro lado do mundo, fazer alguma coisa, viver uma aventura. Junto com essa vontade, sempre vem um forte sentimento de inconformidade, de que eu não faço nada, de que aquela vontade de mudar o mundo nunca esteve tão morta na minha vida.
Nesses momentos, eu sempre paro para pensar nas pessoas que tiveram a mesma vontade, mas que correram atrás para que isso fosse mais que um desejo. Pessoas que, realmente, abriram mão do que quer o prendessem no mundo-nosso-de-todo-dia e foram, com a cara e com a coragem, enfrentar um pouco da vida real.
É difícil pensar que alguém faria isso, certo? Afinal de contas, com tantos privilégios e obrigações, o que será que levaria um jovem a deixar isso tudo de lado e ir atrás de pessoas que nem sequer sabem o que são privilégios? Conhecem apenas as obrigações: obrigação de cuidar da família, obrigação de seguir determinada religião, obrigações impostas pelo governo... Resumindo, são pessoas em busca de liberdade, mas não essa liberdade que a sociedade prega, livre de deveres. Buscam uma liberdade que eles não vão conhecer em seus rituais ou religiões. A liberdade que procuram é, muitas vezes, levada por esses jovens que se dispõem a abrir mão dos privilégios e vão, com uma Bíblia debaixo do braço e uma vontade imensa de fazer alguma diferença, não importa aonde seja.
Já ouvi diversos relatos sobre esses jovens. A maioria não esperou enriquecer ou se casar para então fazer algo significante, muito menos veio de famílias ricas que poderiam bancar suas andanças. Munidos com suas armas, se enfiaram em cavernas, montanhas, buracos, os lugares mais improváveis do mundo para apenas levar a liberdade que Cristo oferece a todos. Na Bíblia, vemos que Deus nos coroou de honra e glória, nos fazendo um pouco menores do que os seres celestiais. Alguns se conformam com essa condição. Outros levam essa honra e glória até os confins da terra, para que mais pessoas se juntem ao reino de Cristo. São os príncipes nas montanhas, que não ficaram assentados em seus tronos, mas deixaram a coroa de lado e foram fazer o nome de Deus conhecido.
Ainda estou aqui, vivendo a rotina casa-faculdade-igreja, mas fazendo o possível para que Deus me dê o privilégio de brilhar a glória dEle, não importa onde eu esteja. Se um dia vou parar nessas montanhas? Não sei, sinceramente, não sei. Mas, não é isso que vai me parar, certo?
Um salve para os missionários, pastores e obreiros anônimos, espalhados pelos cantos do mundo!
“Quão formosos sobre os montes são os pés do que anuncia as boas-novas, que proclama a paz, que anuncia coisas boas, que proclama a salvação, que diz a Sião: teu Deus reina.” (Isaías 52:7)
por Marina Senra
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