Prezo muito o crescimento espiritual. Como cristã alcançada
pela graça, e até por meio dela mesmo, quero sempre aprender mais e mais. Creio
que esse é um objetivo não somente meu, mas de muitos jovens leitores.
Entretanto, sei que corro um risco. Ao buscar conhecer mais
o mundo espiritual eu posso, ironicamente, me esquecer da graça. Talvez não na
teoria, visto que é meu tema preferido de pesquisa. Mas, na prática, posso me
esquecer dela com uma facilidade assustadoramente grande.
Pense no mundo acadêmico. Quanto mais uma pessoa sabe sobre
um determinado assunto, melhor ela quer conhecer esse assunto. E, a partir daí,
ela pode tomar dois rumos: pode aproveitar seu conhecimento para ajudar outras
pessoas a dominarem esse assunto, ou pode humilhar as pessoas que ainda não
estão no mesmo nível de formação e/ou conhecimento dela.
A verdade é que, no segundo caso, a pessoa pode afirmar que
o conhecimento é precioso demais para ser dividido e simplificado para mentes
menos qualificadas. Mas é no primeiro caso, em que o conhecimento é de fato
valorizado, que a pessoa realmente demonstra amar e entender aquilo que estuda,
além de seu interesse em compartilhar aquilo que sabe com o maior número de
pessoas possível.
Creio ser exatamente esse o significado da oração de Paulo
em sua carta aos Filipenses: “Minha oração é que cada vez mais vocês
transbordem de amor, e que, ao mesmo tempo, continuem a crescer em conhecimento
e compreensão espiritual” [Fp 1.9]. É interessante a forma como Paulo fala
primeiro fala do amor para depois falar de conhecimento e compreensão
espiritual.
A graça, a meu ver a mais pura expressão do amor divino,
deve sempre pautar nossas ações, deve ser sempre nossa prioridade.
Que por meio dela e por causa dela busquemos nos aprofundar
em conhecimento e compreensão espiritual, porque, senão, corremos o risco de
buscarmos esse conhecimento de forma vazia e desproposital. Afinal, não há
valor e vantagem em conhecer mais o mundo espiritual se não for para transmitir
melhor a graça. E, na verdade, “conhecer e compreender” mais o mundo espiritual
sem com isso demonstrar mais graça não é, de fato, conhecer e compreender mais
esse mundo. Porque quanto mais perto chegarmos da fonte, mais iremos ansiar em
espalhar o fruto que ela produz.
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